sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os Lusíadas (1572) - DIVISÃO DA OBRA

O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:
1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica portuguesa.
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156) Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais atenção.

CAMÕES E O CLASSICISMO PORTUGUÊS


O renascimento literário atingiu seu ápice, em Portugal, durante o período conhecido como Classicismo, entre 1527 e 1580. O marco de seu início é o retorno a Portugal do poeta Sá de Miranda, que passara anos estudando na Itália, de onde traz as inovações dos poetas do Renascimento italiano, como o verso decassílabo e as posturas amorosas do Doce stil nouvo. Mas foi Luís de Camões, cuja vida se estende exatamente durante este período, quem aperfeiçoou, na Língua Portuguesa, as novas técnicas poéticas, criando poemas líricos que rivalizam em perfeição formal com os de Petrarca e um poema épico, Os Lusíadas, que, à imitação de Homero e Virgílio, traduz em verso toda a história do povo português e suas grandes conquistas, tomando, como motivo central, a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama em 1497/99.

Para cantar a história do povo português, em Os Lusíadas, Camões foi buscar na antigüidade clássica a forma adequada: o poema épico, gênero poético narrativo e grandiloqüente, desenvolvido pelos poetas da antigüidade para cantar a história de todo um povo. A Ilíada e a Odisséia, atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através da narração de episódios da Guerra de Tróia, contam as lendas e a história heróica do povo grego. Já a Eneida, de Virgílio (71 a 19 a.C.), através das aventuras do herói Enéas, apresenta a história da fundação de Roma e as origens do povo romano.

Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa, Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões copia a estrutura narrativa da Odisséia de Homero, assim como versos da Eneida de Virgílio. Utiliza a estrofação em Oitava Rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste em estrofes de oito versos, rimadas sempre da mesma forma: abababcc. A epopéia se compõe de 1102 dessas estrofes, ou 8816 versos, todos decassílabos, divididos em 10 cantos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Fuga de Wang-Fô

Este é um pequeno excerto da história A Fuga de Wang-Fô, de Marguerite Yourcenar. Podes também visualizar o filme, basta clicares no título.
Aproveita e lê a história, pois é muito interessante.

"O velho pintor Wang-Fô e o seu discípulo Ling andavam pelas estradas do reino dos Han (grande China),ninguém pintava melhor que ele as montanhas a sair do nevoeiro, os lagos sobrevoados pelas libélinhas e as enormes ondas do Pacífico. Ele podia ser rico mas preferia doar seus quadros a vendê-los. Os ladrões não entravam na casa de quem tinha um cão-de-guarda pintado por Wang-Fô e diziam que suas imagens santas atendiam imediatamente a qualquer prece.Se ele pintava um cavalo tinha que o manter preso na estaca, senão, ele escapava-se do quadro a galope.Seu discípulo tinha com o mestre tanto carinho que quando não tinham arroz para comer ele o mendigava e se as pessoas eram demasiado avarentas ele roubava e à noite massageava os pés cansados do seu mestre. Uma tarde, ao pôr de sol chegaram aos subúrbios da capital e dormiram numa estalagem. "